Descentralize
De uns anos pra cá eu noto uma crescente em relação a adoção de programas e serviços de código aberto em diversos âmbitos da tecnologia. Na área de jogos, que é a que acompanho mais de perto, temos diversas ferramentas que se não são abertas, disponibilizam pelo menos seu código fonte mesmo que de forma limitada. A Unreal é um belo exemplo disso, é um produto da gigante Epic Games, porém tem seu código disponível uma vez que você consiga fazer parte do "Time de Desenvolvedores da Epic" no GitHub.
Aqui é importante eu de cara fazer uma diferenciação entre Software Livre e Código Aberto (Open Source), os movimentos possuem filosofias bem diferentes. O Software Livre advoga em favor da liberdade do uso do software para os mais diferentes propósitos, é um movimento que para além de filosofia de software, é político também. Muitos confundem com um movimento comunista, mas se trata de um movimento libertário, é um movimento que segue bastante no sentido do "uso irrestrito" do software. Um software para ser livre precisa para além de ter seu código aberto, também permitir a modificação e a distribuição dessas mudanças, e qualquer software subsequente oriundo dessa mudança deve continuar a garantir esses direitos, a licença deve sempre se manter aberta nos produtos derivados. Diferente do Open Source que é mais sobre a disponibilidade do código do projeto, se é acessível ou não, mas que não pretende garantir nenhum desses direitos de distribuição. Um software pode ter seu código aberto mas não permitir suas distribuição ou uso indevido, porém para ser livre um programa deve ter seu código aberto.
O ponto é que independente da filosofia, eu acredito de verdade que esse é o modelo de desenvolvimento de software que tende a se sobressair e dominar o mercado, não por uma questão moral, mas simplesmente pela sua efetividade. Modelos abertos sempre serão mais efetivos que modelos fechados a longo prazo. A crescente do Linux no Desktop nos últimos anos com iniciativas como a Valve com a Steam, de trazer o público "gamer" para o Pinguim; e o descontentamento com várias decisões da Microsoft em relação ao Windows por parte de seus usuários, mostra bastante isso. O Windows já há tempos não traz grandes inovações, está preso em um ciclo vicioso de ser popular simplesmente por ser popular. Inclusive hoje o próprio Windows tem uma camada de compatibilidade com o Linux, dada a sua preferência por parte de usuários mais técnicos. Mas isso se tratando somente de Desktop, pois quando falamos de sistemas de dispositivos processados no geral, já é o Linux que domina o mercado como um todo.
Descentralização da Internet
Indo nesse sentido da liberdade de uso e do controle sobre o que estamos utilizando, surge também o movimento para descentralização da internet, o tal do Web3, que propõe exatamente a devolução da propriedade dos dados para seus usuários, nós mesmos, os retirando das mãos grandes empresas. Isso a partir de uma estrutura de confiança baseada em código, das blockchains, você já deve ter ouvido falar desse termo principalmente quando se fala de criptomoedas como o BitCoin. Porém no âmbito das redes sociais também vieram acontecendo movimentos de migração das plataformas hegemônicas, com a popularização e monopólio das redes sociais e de informação por parte das Big Techs, uma preocupação que vem crescendo é em relação aos dados dos usuários que essas empresas acumularam no decorrer dos anos. Não é nenhum mistério para nós que esses dados coletados são a principal fonte de renda dessas empresas, são uma mina de ouro. Empresas de marketing digital que querem maior eficiência na hora de vender produtos, tendo essas métricas disponíveis nas plataformas podem filtrar exatamente o seu público alvo, baseando-se em idade, gênero, localidade, entre outros parâmetros.
Vivemos no capitalismo, então é inevitável desses dados virarem mercadoria. O problema é quando isso deixa de ser uma ferramenta mercadológica para virar um estrutura de poder; como foi o caso com alguns escândalos com a Meta e a venda de dados de usuários, ou acusações de influenciar ativamente no resultado das eleições presidenciais americanas através da dinâmica das redes. Então para as diversas polêmicas que tivemos recentemente relacionadas à Fake News, adicione agora o uso desses dados no treinamento de IAs generativas e a difusão cada vez maior de vídeos gerados por IA com estruturas bem precárias de checagem de fatos dentro dessas plataformas. No Instagram já conseguimos conversar com representações de figuras públicas e personagens fictícios através da IA; e não possuímos filtro algum sobre o que nosso está sendo utilizado. Temos páginas de "fatos curiosos" usando IA para gerar engajamento em cima de conteúdo tendencioso e falso. Hoje as redes mais consumidas no mundo com certeza são as da Meta (Instagram, WhatsApp e Facebook), porém por todos os lados estamos cercados de redes proprietárias (X, YouTube, TikTok, ...). Para onde correr então?
Fugindo do Controle dos Dados
Não consigo enxergar outra forma de fugir desse controle se não for pelo boicote a essas empresas, é ingênuo pensar em qualquer regulamentação que emancipe nossos dados nesse sentido; porém também é ingênuo pensar que qualquer migração em massa dessas plataformas venha acontecer do dia para a noite. O que tivemos de mais próximo nesse sentido foi a migração de diversos usuários do X (antigo Twitter), para as plataformas BlueSky e Threads; não sendo no entanto a primeira das ondas. Tudo bem que o X é um caso a parte, pois desde a mudança das políticas devido a compra da plataforma pelo bilionário Elon Musk a rede já vem sofrendo uma certa insatisfação. Ainda que comparado às grandes redes o valor seja irrisório, o BlueSky alcançou mais de 20 milhões de novos usuários em alguns meses, e o mais empolgante da plataforma é exatamente o seu caráter não centralizado (pelo menos não totalmente). É possível hospedarmos nosso próprio servidor de dados (Personal Data Server, ou PDS) para utilizar no BlueSky, desse modo esses dados ficam mais "seguros" estando sob nosso controle. Fazendo a ressalva aqui de que a plataforma ainda não é totalmente aberta, então alguns usuários ainda assim preferem o uso do Mastodon. O que se a preocupação aqui for exatamente a segurança e liberdade dos dados, é algo compreensível. Ainda assim eu pessoalmente enxergo como uma vitória para o modelo descentralizado, vamos ver até onde.
A ideia da descentralização aqui não reside somente na ação individual de você em sua casa ou por meio de uma VPS hospedar um serviço próprio, mas sim de advogar em favor dos próprios governos abrirem suas próprias instâncias de serviços descentralizados. Trazer esses dados para mais perto. A China é um dos maiores exemplos de nação que corre em prol de uma soberania digital, eles tem suas próprias tecnologias que são usadas em larga escala dentro de todo (ou pelo menos boa parte) do país, fazendo inclusive o próprio imperialismo estrangeiro se incomodar como no caso do banimento do TikTok dos EUA.
Um caminho que o Brasil poderia tomar, e outros países inclusive já estão fazendo esse movimento, é exatamente aproveitar dessas tecnologias abertas para ir em sentido a uma emancipação digital. A China mesmo não estruturou tudo do zero, ela faz um uso forte de tecnologias livres, principalmente o Linux, que é um projeto essencial para toda a estrutura da internet, praticamente tudo hoje roda em um Linux, seu Android, o servidor que hospeda esse site, muito provavelmente até o sistema do seu smartwatch. A União Europeia também vem fazendo movimentos de adotar o Linux em órgãos públicos para fugir da hegemonia de sistemas fechados como Windows e MacOS. O problema principal com as redes sociais é, bem, exatamente seu fator "social", são necessários usuários para fazê-las vingar, ninguém quer falar sozinho; mas como fazer isso em um mundo digital dominado por Meta e Alphabet?
Redes Descentralizadas e o Fediverse
Aqui acho interessante fazer uma distinção. Dentro dessa questão da descentralização, temos os conceitos de redes descentralizadas e da internet descentralizada. O segundo conceito meio que engloba o primeiro. Redes descentralizadas são as ferramentas/protocolos prontos que utilizamos para fazer uso das redes, como o Mastodon, o Pixelfed, ou o próprio BlueSky. A internet descentralizada é mais a ideia, o conceito geral de sair de dentro dessa estrutura atual de internet onde nossa interação é mediada por provedores ou grandes empresas que mantém nossos dados de refém ou podem espionar nosso tráfego, o objetivo é que uso da internet se torne algo mais distribuído.
Dentro dessa ideia das redes descentralizadas, o objetivo é que as redes não fiquem isoladas entre si, mas que pessoas no Mastodon possam seguir pessoas que só tenham Pixelfed e vice e versa, são redes que se comunicam entre si. Porém para essa intercomunicação acontecer, é necessário que uma linguagem em comum seja criada entre elas, esse seria o protocolo ActivityPub, e associado a ele, o conceito de Fediverse, que seria exatamente essa grande rede onde todas essas tecnologias estão conectadas e conseguem se enxergar. Pelo ActivityPub ser um protocolo aberto, o implementar em sua aplicação te deve fazer enxergar o Fediverse, e com mais algum esforço também se fazer ser visto. Recentemente a própria Meta implementou o protocolo dentro do Threads, porém com uma interação de certo modo limitada. O BlueSky também está fazendo um movimento nesse sentido de se fazer compatível com o ActivityPub, mas aqui o buraco é um pouco mais em baixo. Pois o principal produto do BlueSky não é a plataforma de microblogging, mas sim seu protocolo descentralizado, o AT Protocol, que seria exatamente uma alternativa ao ActivityPub, e é aqui onde alguns usuários se afastam um pouco, pois apesar de ser uma rede federada que se divide em diferentes módulos, sendo esses módulos possíveis de serem hospedados por conta própria. O serviço do BlueSky em si continua sendo centralizado, é diferente do que vemos no Mastodon com diferentes instâncias de servidores se comunicando entre si.
O blogs puros são modelos de rede muito mais difíceis de centralizar. Quem vivenciou sua era de ouro deve se lembrar, era tudo muito mais espalhado e com diversos padrões, cada página com sua forma e conteúdo distintos. Os blogs acabaram se dissolvendo por entre as outras redes sociais, diria que exatamente pela falta de centralização (olha que ironia) da forma de consumir seu conteúdo. Quem consumia blogs mais assiduamente já deve ter chegado a usar um leitor de RSS para visualizar o conteúdo de diferentes blogs em um mesmo feed. O uso de blogs então se dissolve, Facebook para textos longos (o famoso "Textão do Facebook"), o Instagram para fotos e o Twitter para interações curtas e rápidas, os chamados microbloggings. Trazendo o bônus exatamente da interação rápida com as pessoas que te seguem por meio de likes e comentários, e a difusão de sua opinião na rede de maneira quase orgânica.
É exatamente nesse sentido que eu vejo esperança nas redes descentralizadas, que é a intercomunicação dos mais diversos formatos de "blogging", que são as redes sociais, trazendo junto esse fator de interação e compartilhamento, que é o que faltava nos blogs. As redes sociais proprietárias saíram na frente nesse sentido, elas acumularam uma enorme base de usuários e conseguiram montar seus ecossistemas próprios. Essa intercomunicação que as redes federadas conseguem só pode ser atingida por meio de monopólio nas redes proprietárias, pelo menos no cenário atual. As empresas não irão abrir mão do controle dos seus dados para operar em cima de um protocolo descentralizado e aberto, o que vemos é exatamente uma busca por esse monopólio, é o que a Meta vem tentando fazer com suas redes (Facebook, Instagram e Threads) e agora com o seu Metaverso.
A maioria dos usuários não gostam de ter muitas contas, gostam de praticidade. Ao passo que também é comum para a maioria das pessoas usarem umas 3 ou 4 redes sociais no máximo, de tipos diferentes. Sendo as principais com certeza Facebook, Instagram e TikTok, estou tirando o WhatsApp dessa conta pois eu considero um modelo de chatting, como o MSN ou o Discord, onde não existe bem um Feed global, vai muito mais em cima de interações particulares. Facebook e Instagram compartilham a mesma conta, agora o Threads também. Fora eles, temos YouTube, TikTok, Kwai, X e Pinterest como principais redes sociais. Com exceção do YouTube e agora do TikTok, nem todas as pessoas terão contas ativas nas outras redes.
Mas é isso, temos a Meta dominando dois formatos diferentes de blogging e disputando por um terceiro. O formato de vídeos longos como hegemonia da Alphabet. Vemos a dissolução das plataformas de microblogging; pois não vejo futuro para o X a longo prazo, então eu acredito que os usuários tendem a se dissolver cada vez mais entre BlueSky e Threads. As plataformas de vídeos curtos como Kwai e TikTok também foram uma grande surpresa, a jogada de trazer uma plataforma focada em vídeos curtos fez o Instagram se movimentar para criar o Reels e o YouTube o Shorts. Isso mostra novamente sobre a potência do imperialismo chinês nessa disputa pela soberania digital, e também reforça o modus operandi dessas plataformas que é a de replicar recursos da concorrência, foi exatamente o que o Instagram fez inicialmente com o Snapchat, antes de sua compra e seu sufocamento.
Dito isso, como sair dessa hegemonia e começar a integrar essas redes sociais alternativas?
Como participar do Fediverse?
O modo mais fácil de você integrar a "internet descentralizada" sem precisar hospedar nada em um servidor é participando de alguma plataforma federada e integrar o Fediverse, acho que o Mastodon é o melhor representante. Existem algumas outras plataformas interessantes, mas que admito que comparado as plataformas proprietárias equivalentes, algumas delas tem bem menos recursos. Ou melhor, talvez sua experiência seja bem mais "pura", já que a ideia principal não é estimular o uso, com algoritmos que nos jogam conteúdo personalizado ou incentivo ao consumo de likes; mas sim de simplesmente conectar as pessoas. Algumas das principais alternativas que posso citar:
- Mastodon, plataforma de microblogging, alternativa ao X (antigo Twitter)
- Pixelfed, plataforma de compartilhamento de fotos, alternativa ao Instagram
- Friendica, plataforma de textos longos, imagens, albuns, alternativa ao Facebook
- PeerTube, plataforma de videos longos, alternativa ao YouTube
- Lemmy, plataforma de agregador de links, alternativa ao Reddit
O interessante é exatamente o que falei sobre essa intercomunicação entre elas, com uma conta do Pixelfed eu consigo ver e seguir uma conta do Mastodon e ver seu conteúdo, até mesmo curtir e interagir, tudo a partir do ActivityPub. Assim cada usuário pode escolher a rede que mais lhe interessa, sem a necessidade de criar uma conta em outro serviço para ter um certo nível de interação com seus usuários.
Quanto ao AT Protocol?
O AT Protocol por mais que tenha toda a polêmica de ainda estar nas mãos de uma empresa privada, também é muito interessante e tem um enorme potencial, inclusive eu acho sua proposta talvez até mais promissora que a do ActivityPub. Tudo opera basicamente em cima de uma lógica de você hospedar não uma instância do serviço completo, como acontece no Mastodon ou no Pixelfed, mas sim hospedar somente partes dele, sendo o principal seu próprio servidor de dados, o chamado PDS (Personal Data Sever), e sua manipulação é toda feita a partir do AT Protocol. Então por exemplo, eu posso ter contas em diferentes servidores do Mastodon, cada uma com suas informações próprias. A desvantagem aqui é exatamente a questão da migração, seus dados meio que estão associados àquele serviço, não é tão simples migrar de uma instância para outra (não sei nem se é possível uma migração completa). O BlueSky vai em outro sentido, eu não precisaria ter uma uma conta do Pixelfed e outra do Mastodon, por exemplo, eu poderia a partir da mesma conta do meu BlueSky acessar diferentes serviços, como um serviço Instagram-like como o flashes.blue, ou uma plataforma de textos longos, como o WhiteWind, mantendo meus dados centralizados no meu PDS. O interessante aqui é exatamente um mundo ideal onde governos e instituições públicas hospedem seus próprios servidores e estruturas de moderação.
Mas é esse o principal motivo de eu achar a forma como o AT Protocol opera na chamada ATmosphere mais interessante do que a forma como opera o Fediverso, os dados não ficarem atrelados à uma instância da rede é algo que proporciona uma integração muito mais poderosa entre diferentes serviços, necessitando somente de "App Views" diferentes para modificar a forma como esse conteúdo é exibido na tela. O próprio BlueSky é isso, é um frontend que serve como "prova de conceito" para o protocolo, ele consome o conteúdo dos servidores firehose que cospem esses dados dos usuários coletados dos PDS; não a toa temos diversos clientes alternativos, como o deck.blue, o graysky, ou o tokimeki, que conseguem consumir o mesmo conteúdo, porém os exibindo de outra forma.
Centralize suas informações, tenha um domínio!
Aqui é uma dica que deixo principalmente para quem sente a necessidade de ter uma presença online. Por mais que você utilize rede social X ou Y como principal meio de trabalho, é sempre interessante centralizar suas informações gerais. É muito comum vermos o uso de sites como o linktr.ee para juntar todos seus links importantes em uma única página, minha sugestão aqui vai no sentido da compra de um domínio online para se afastar um pouco da dependência de serviços de terceiros. Por exemplo, ao criar um linktr.ee, você deve receber um endereço "linktr.ee/minha_pagina", esse provavelmente é o link que você vai compartilhar toda vez que quiser divulgar seu trabalho. Mas digamos que por algum motivo o linktr.ee deixe de oferecer seus serviços, ou por qualquer motivo o serviço venha a falhar, sua página simplesmente deixará de existir, e a URL que nunca foi sua também se vai junto. Uma solução prática de ter um domínio próprio é exatamente essa, você pode criar um linktr.ee e ao inves de divulgar o link direto para a sua página, você pode configurar o seu domínio para apontar para ele, uma vez que qualquer problema venha acontecer com o sistema, basta você redirecionar o domínio para qualquer outra página de seu interesse. Você pode até mesmo organizar tudo em subdomínios, um "links.meusite.com.br" que redireciona para um linktr.ee e um "blog.meusite.com.br" que leva para uma página estática do GitHub, por exemplo. No registro.br é possível adquirir um registro "alguma_coisa.br" por valores bem acessíveis (menos de 80 reais por 2 anos). Uma vez adquirido, você pode apontá-lo para qualquer endereço que ache interessante de divulgar. É interessante exatamente por funcionar como uma identidade virtual, seu domínio fica associado ao seu CPF, é legalmente seu.
Hospede um Site Estático
A outra alternativa interessante é a de hospedar um site estaticamente, você pode usar isso aliado a um domínio próprio. Hoje em dia existem soluções gratuitas q te dão direito a um pequeno espaço virtual para você hospedar seu site. Pra quem é desenvolvedor e já possui uma conta no github o GitHub Pages é uma solução interessante, ele vai te garantir um endereço "usuario.github.io", além da possibilidade de transformar mais de um de seus repositórios em páginas estáticas. Porém eu recomendo o neocities, que é voltado para a hospedagem de sites estáticos mas possui um indexador próprio que te permite tanto ser descoberto quanto descobrir novos sites dentro da plataforma, então é mais interessante para quem quer participar de uma comunidade.
Outra iniciativa interessante é a da IndieWeb, que ao contrário das outras não é um serviço que permite a hospedagem, ela pressupõe que você já possui um site hospedado e com um domínio próprio. É bem parecido com o Neocities no sentido de juntar os sites em uma mesma rede, mas o foco é na descentralização. Então os próprio usuários é que fazem as pontes entre um site e outro, bem similar ao que acontecia com blogs ou em Tumblrs, com links diretos para sites parceiros ou de amigos seus, com a diferença de que a IndieWeb também te permite jogar para sites aleatórios dentro da própria rede, seu site também pode fazer parte disso uma vez que esteja configurado. Isso é muito simples de fazer, com uma ou duas linhas a mais de código no seu index.html já deve ser o suficiente.
Considerações Finais
Esse movimento pela descentralização da internet, das redes sociais, das redes de informação e comunicação no geral, é um movimento que ainda está engatinhando no mundo todo. Quando se fala em Brasil principalmente, ainda somos extremamente dependentes de tecnologias americanas, já saíram diversas notícias nos alertando sobre isso, que o brasileiro é o povo que mais consome redes sociais no mundo. A emancipação digital é um movimento antes de tudo político, devemos buscar trazer esses dados para mais próximo de nós. Com a liberdade que as redes federadas nos dão podemos muito bem começar com atividades individuais, como hospedar nossas próprias instâncias do Lemmy (como o lemmy.eco.br) ou instâncias do Mastodon (como o bolha.one e o ursal.zone) e popular o fediverso, mas ideia principal aqui é a de pressionar os governos e instituições públicas a abrirem as suas próprias instâncias e as utilizarem efetivamente como meio de centralização das comunicações. Fugir da centralização e do controle das redes proprietárias, fugir dessa estrutura de poder.
Escrito por Canoi Gomes